GRUPO 2 - Lagos em Áreas Rurais
O homem e as águas das restngas capixabas
Grupo 2 - Lagos em Áreas Rurais
As restingas estão intensamente ocupadas não só pela urbanização, mas também por variadas atividades ligadas à produção agropastoril. A principal atividade é a pecuária extensiva bovina que ocupa extensas áreas ao logo das restingas até agora mapeadas nesse estudo. Além da pecuária, os monocultivos de Eucaliptus, café, banana, cana-de-açúcar, mamão e abacaxi ocupam grandes áreas de cultivo na faixa litorânea do ES. Outras culturas, tais como o feijão, côco, cacau, pimenta do reino e hortaliças ocupam áreas mais restritas principalmente no litoral sul capixaba. Uma grande extensão de terras está sendo ocupada por sítios e pequenas propriedades rurais, principalmente na bacia do rio Xuri. 
Sul do ES

A faixa litorânea sul do estado capixaba, entre os municípios de Vitória, Vila Velha e Guarapari, é caracterizada não só por uma grande ocupação urbana, mas também por intensa atividade ligada à produção de alimentos. Em relação a ocupação agropastoril, a produção de leite deve ser aqui destacada. Nessa região, são ainda importantes os cultivos da banana, do tomate, da abóbora, do aipim (mandioca), côco e até do café. Destacam-se, ainda, os sítios e chácaras. Existem inúmeros aglomerados e condomínios com esses tipos de propriedades. Embora, esse tipo de ocupação não possa ser enquadrado como sendo agrícola, há uma considerável produção de alimentos nessas propriedades, obviamente para o consumo doméstico.  O mapa, a seguir, ilustra, em amarelo,  as áreas rurais ao longo da faixa litorânea (até aprox. 50 km da orla marítima).



Norte do ES

No litoral norte do ES (entre Vitória e a divisa com a Bahia), há claramente uma preponderância de áreas rurais. Nessa região, são importantes os monocultivos de Eucaliptus principalmente ao redor de Aracruz. A pecuária extensiva, o cultivo do café, do Cacau (Linhares), da cana-de-açúcar, da pimenta do reino (São Mateus), do mamão são também dignos de nota. O mapa, a seguir, ilustra, em amarelo,  as áreas rurais ao longo da faixa litorânea (até aprox. 50 km da orla marítima).


Casos de Estudo (1)

A Lagoa do Jabaeté, representada a seguir, está localizada entre as comunidades de Morada da Barra, Sta. Paula II e Jabaeté, todas elas localizadas no município de Vila Velha. O acesso ao local é feito pela ES 388 que liga Vila Velha a BR 101. Essa é a maior lagoa das restingas capixabas estudada até o momento (área = 25,6 ha e perímetro = 2,3 km). A lagoa situa-se em uma área usada para pastos. Há ainda em sua orla sul alguns pequenos sítios. A cor da água na época da visita para o mapeamento (18-19 Maio de 2020) estava dominada por tons amarelo-marron. Essa coloração das águas sugere a entrada consistente de sólidos inorgânicos, provavelmente originados por escoamento superficial das áreas de pastos. Dessa forma, esse caso de estudo pode ser tratado como um exemplo do impacto das atividades agro-pastoris na qualidade das águas das restingas capixabas.


Caso de Estudo (2)

A pequena lagoa representada no mapa abaixo está localizada na "Fazenda 13" que fica próxima aos bairros de Nomília da Cunha e Ulisses Guimarães, em Vila Velha. O acesso ao local é feito a partir da ES 060, tomando uma estrada vicinal próximo a Associação de Funcionários da CEF (1,4 km). A lagoa está colonizada por grandes extensões de macrófitas (taboas) e está localizada dentro de uma fazenda de criação de gado. A face norte da lagoa está protegida por um fragmento de mata Atlântica, mas os taludes são dominados por pastos. São visíveis os indícios de queimadas nos pastos na porção oeste da orla do lago (mapeamento em 21 de maio de 2020). Outro aspecto relevante é a forte presença de invasões e favelas nos arruamentos que circundam a propriedade. Em conversa com a proprietária, é claro o desejo de parcelar a propriedade para formar um condomínio residêncial. 

Caso de Estudo (3)

A pequena lagoa representada abaixo encontra-se em uma restinga situada nas proximidades do bairro Village do Sol, Guarapari. A lagoa possui fácil acesso a partir da ES 060 (150 mts, do lado direito, no sentido Guarapari).  Apesar de estar localizada em área de pastoreio, a cor escura de suas águas sugere uma boa qualidade de suas águas. É um lindo ambiente que certamente deve merecer mais atenção por parte dos gestores públicos responsáveis. 

Caso de Estudo (4) - O Complexo do Xuri

A sub-bacia do Rio Xuri é um exemplo de área com águas associadas às restingas e que exibem um intenso uso agropecuário. Assim como a bacia do Rio Ponto Doce, houve aqui também inúmeras intervenções humanas alterando o ciclo e o fluxo natural das águas: barragens, aterros, canais e tanques para produção de peixes. O cartograma abaixo demonstra claramente que a maior parte do terreno é reservada para o uso de pastagens de gado. Existem, ainda, alguns importantes fragmentos de mata. Apesar de toda essa atividade humana, as águas dessa região ainda estão razoavelmente preservadas. No entanto, são poucos aqueles que dão o devido valor aos brejos e áreas alagadas aqui presentes. Essas áreas, além de contar com uma biota rica, variada e única oferecem importantes serviços ambientais como a produção de água, efeito regulador no microclima; são ainda áreas importantes para refúgio, reprodução e descanso de aves e mamíferos e também o habitat para inúmeras espécies de répteis, anfíbios e, obviamente, peixes.