GRUPO 1- Lagos Urbanos
O homem e as águas das restngas capixabas
Grupo 1 - Lagos Urbanos
O estado capixaba possui hoje (junho/2020) 3,514 milhões de habitantes. Desse total, apenas 20% (= 583.000 hab.) vivem em zonas rurais. Consequentemente, a grande maioria da população (2,93 milhões de pessoas) está vivendo em cidades. E a maior parte dessa população está concentrada na faixa litorânea.

A tabela, ao lado, demonstra que das dez 10 maiores cidades do estado capixaba, apenas os adensamentos de arruamentos urbanos de Cachoeiro do Itapemirim, Linhares e Colatina não atingem diretamente a zona litorânea (figura abaixo).

Não é surpresa encontrarmos conflitos muito intensos entre as atividades humanas e a conservação das águas epicontinentais na região das restingas do Espírito Santo. Essa é, em última analise, uma das justificativas para a realização desse estudo. A outra justificativa, que será discutida com mais detalhes adiante refere-se à virtual falta de informações sobre essas águas das restingas capixabas. 





 



N Cidade Habitantes   Área (km²)
Densidade
1 Serra 517.000 547 741,0
2 Vitória 362000 97 3338,3
3 Vila Velha 493000 210 1973,0
4 Cariacica 381000 279 1246,0
5 Cachoeiro do Itapemirim 189889 864 216,0
6 Linhares 173000 3496 40,3
7 São Mateus 130611 2346 46,6
8 Colatina 111788 1398 78,9
9
Guarapari 105286 589 177,0
10
Aracruz 101220 1420 57,5

Fonte: IBGE (Jun2020)



Caso de Estudo (1)

A urbanização está interferindo nas águas das restingas capixabas. Inúmeros são os principais impactos dessa ocupação das orlas de lagos, áreas úmidas e cursos de água: lançamento de esgotos não tratados e poluição difusa por esgotos (fossas sépticas), captação indevida de água para abastecimento doméstico e comercial, com perfuração indiscriminada de poços, desmatamento e erosão, aterros, impermeabilização dos solos, etc.

Apesar dos fatores negativos citados, pode-se observar que, em alguns lagos urbanos, a presença de ações de preservação. Um bom exemplo é o da lagoa Grande (ao lado), onde é visível a preservação das matas ripárias na bacia hidrográfica de do principal tributário da lagoa. No entanto, o presente estudo também revelou focos de assoreamento e entrada de esgotos não tratados nesse ambiente.
 

Caso de Estudo (2)

Em Morada do Sol (Vila Velha), existe uma pequena lagoa situada em área residencial. Trata-se de um ambiente hipereutrófico, a julgar pela cor esverdeada de suas águas que contrastam muito com a coloração das águas de uma outra lagoa situada praticamente ao lado, mas que se encontra dentro de uma reserva municipal, a restinga da Morada do Sol. Aqui, pode-se ver um exemplo dos impactos da urbanização sobre as águas das restingas. O aporte de nutrientes, tais como o nitrogênio e o fosforo, e também de carga orgânica originados via poluição difusa vinda de fossas sépticas e também a poluição causada pelo aporte desses mesmos poluentes via fontes pontuais de esgotos domésticos via rede de drenagem acabaram por provocar um fenômeno de eutrofização cultural das águas dessa pequena lagoa urbana. A cor verde reflete o aumento da clorofila-a presente em algas e cianobactérias, organismos que proliferam muito nessas condições.

Caso de Estudo (3)

A pequena lagoa (natural), representada abaixo, está localizada em uma reserva legal denro do condomínio Mar D´Ulé (na divisa dos municípios de Guarapari e Vila Velha, ES). A lagoa não apresenta sinais de trofia, mas já não possui a coloração escura típica das águas das restingas. 

Os condomínios estão se expandido rapidamente nas restingas entre Vila Velha e Guarapari. A maioria desses empreendimentos exigiu, na sua implantação, um grande desmatamento. Mesmo possuindo reservas legais de vegetação nativa, pode-se notar que esses empreendimentos apresentam uma escassa ocupação por vegetação arbórea nas áreas destinadas às residências (ruas e lotes).

A grande presença de solo exposto nos lotes vagos e a virtual ausência de árvores nas ruas sugere que a simples manutenção das reservas legais dentro dos condomínios não garante necessariamente um ambiente ecologicamente saudável e sustentável. É importante também monitorar se os efluentes contendo as águas servidas das instalações ligadas às áreas de lazer do empreendimento não estariam causando impactos na qualidade das águas da lagoa aqui representada.

Caso de Estudo (4) - Lago urbano em Ponta da Fruta

Lagos urbanos preservados não requerem a existência de uma comunidade de alto poder aquisitivo. Educação ambiental e cooperação entre os membros de uma counidade carente podem fazer muito pelas águas urbanas em qualquer lugar. O exemplo dessa pequena lagoa inserida dentro de uma comunidade carente onde falta tudo (ruas asfaltadas, postos de saúde, escolas de boa qualidade, etc.) mostra uma pequena área de preservação devidamente protegida e fiscalizada pela comunidade já é o suficiente para garantir a saúde ecológica de uma pequena lagoa urbana.