ÁREA FOCAL
O homem e as águas das restngas capixabas
Área Focal

O estado do Espírito Santo possui uma faixa litorânea estreita, mas densamente habitada pelo homem. De acordo com a tabela abaixo são quinze os municípios capixabas que possuem seu território na orla do Oceano Atlântico. Enquanto a zona litorânea capixaba corresponde a 27,61% da área de todo o estado, a soma das populações dos quinze municpios litorâneos do ES corresponde a mais de 50% da população do estado (tabela, a seguir).  A região, salvo alguns poucos municípios, é densamente habitada com mais de 160 hab/km². Em consequência, não se pode negar que exista uma grande pressão em termos de atividades humanas sobre os diferentes ecossistemas que compõem a faixa litorânea. E as restingas, por estarem muito próximas da orla, são particularmente afetadas por essa pressão antrópica. 



O relevo do estado capixaba é bastante variado. A cordilheira da "Serra do Mar" percorre o estado de norte a sul. A planície costeira, onde se localizam as restingas e suas águas, é mais estreita nas porções sul e central do estado. A partir de Aracruz essa planície se alarga abrindo grandes espaços para a planície litorânea. O cartograma abaixo ilustra o relevo capixaba dando destaque às áreas planas próximas ao litoral. O cartograma, a seguir, ilustra, as principais feições morfológicas do território capixaba. As terras planas estão representadas em amarelo.


A Base Hidrográfica Ottocodificada (BHO) é utilizada pela Agência Nacional de Águas - ANA para a gestão de recursos hídricos no Brasil. Essa representação é gerada a partir da cartografia digital da hidrografia do país. A BHO representa a rede hidrográfica sub-dividida em trechos, ou seja, entre os pontos de confluência dos cursos d'água de forma unifilar.

Cada trecho é associado a uma superfície de drenagem denominada ottobacia, à qual é atribuída a codificação de bacias segundo proposto pelo geógrafo Otto Pfafstetter. Uma característica essencial dessa abordagem é representar corretamente o fluxo hidrológico dos rios, por meio de trechos conectados e com sentido de fluxo. O cartograma gerado abaixo contém as Ottobacias do estado do Espírito Santo. 

A região apresenta uma grande diversidade de ecossistemas e biótopos e também é servida por importantes unidades de conservação. Nessa região, encontramos estuários importantes, manguezais extensos, centenas de praias com as mais variadas formas e também fragmentos de tamanhos variados da Mata Atlântica.

Não somente os ecosssitemas marinhos tais como praias arenosas, costões rochosos, dunas, mangues, recifes são importantes. As águas doces dessa região são também muito importantes. Encontramos diversos estuários de rios de médio (R. Itapemirim, ao sul) e grande porte (R. Doce, ao norte) mas também dezenas de pequenas bacias hidrográficas tais como o estuário do rio Xuri, entre Vila Velha e Guarapari. 

A restinga é um ecossistema caracterizado por um forte gradiente ambiental que se estabelece perpendicularmente à linha da praia. Diversos tipos podendo tipos fitofisionômicos da vegetação podem ser identificados nessas planícies arenosas. Segundo Rizzini (1997), as restingas são formadas através da deposição de sedimentos arenosos, principalmente areias quartzosas marinhas depositadas de diferentes maneiras no Período Quaternário.

O cartograma, a seguir, demonstra a eficácia do mapeamento feito no atual trabalho em reconhecer, monitorar as principais fitofisionomias das restingas capixabas. Esse estudo poderá ser usado por gestores públicos para monitorar a integridade das diferentes formações vegetais das restingas e aprimorar as políticas públicas voltadas para não só conservar o ecossistema como também viabilizar usos antrópicos sustentáveis e que não interfiram no equilíbrio ambiental.

Parque Natural Municipal de Jacarenema 
 
Uma das mais importantes unidades de conservação das restingas no estado é a Reserva de Jacarenema, em Vila Velha. O parque fica localizado no trecho final do Rio Jucu, incluindo a sua barra (cartograma, a seguir). O início do parque fica bem perto do shopping Boulevard, às margens da Rodovia do Sol - ES 060.  Apesar de mal cuidada, com estradas esburacadas, muito lixo e entulhos por toda parte trata-se de uma importante reserva não só pela sua extensão, mas também graças à grande variedade de biótopos tanto terrestres quanto aquáticos altamente representativos das restingas. Ao acessar a reserva, o visistante corre muito perigo, devido ao perigo de assaltos e roubos que lá ocorrem com frequência. Não há portaria, nem qualquer fiscalização. O cartograma abaixo também mostra que além do descaso com a reserva de restinga, a barra do rio Jucu estava completamente contaminada por águas negras (esgotos) que são trazidos por um canal. A reserva pede socorro!