PEIXES ENCONTRADOS NA BACIA DO

MÉDIO RIO DOCE



Tiago Gripp Mota e Ricardo M.P. Coelho



Projeto: FAPEMIG/FUNDEP/RIO DOCE 5734



Introdução

Esta coletânea basiea-se em coletas intensivas e também em pesquisas bibliográficas realizadas dentro do projeto "Elaboração de um banco de dados sobre a biota do médio rio Doce" (FAPEMIG/FUNDEP). Essas informações foram consolidadas a partir de consulta a uma grande variedade de fontes bibliográficas tais como artigos científicos, teses e dissertações de mestrado, sendo que todo esse material está disponível em nosso banco de dados.

A seguir, são apresentadas algumas informações sobre a distribuição, habito alimentar e alguns aspectos da reprodução das principais espécies da ictiofauna do médio rio Doce. A lista inclui não somente as espécies nativas mas também as espécies introduzidas que, em muitos casos, tais como a principal lagoa da regiâo, Lagoa do Bispo (D. Helvécio) são os principais constituintes da ictiofauna do ambiente.

Nosso grupo de pesquisas ja está avaliando os impactos das introduções dessas espécies exóticas em alguns ambientes da região e alguns resultados prelimiares já podem ser consultados na web site : Projeto Ecologia de Comunidades PG ECMVS 2005

A medida que o nosso trabalho for sendo complementado, iremos fazer atualizações periódicas nesse texto. Queremos inicialmente esclarecer que as fotos abaixo são meramente ilustrativas e algumas fotos foram obitdas na internet e não correspondem - necessáriamente - à espécie indicada.

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Superordem:Acanthopterygii

Ordem: Perciformes

Família: Cichlidae

Nome científico: Cichla cf.monoculus Spix e Agassiz, 1831

Nome popular: Tucunaré



Obs.:Originário da bacia Amazônica, tem hábito predatório, se alimentando de pequenos peixes e camarões, nos estágios iniciais de desenvolvimento. Foi introduzido em quase todas as bacias brasileiras, na bacia do rio Doce se encontra altamente difundido, sendo encontrado em várias lagoas da região. Apesar de alguns autores classificarem o tucunaré encontrado na bacia do rio Doce como Cichla ocellaris, tal classificação está incorreta, pois a distribuição dessa espécie está restrita à Guiana. As duas espécies são muito parecidas, ambas possuem as 3 ou 4 faixas verticais escuras no corpo. O Tucunaré é um peixe furtivo, ou seja, se esconde entre as macrófitas, galhos e ataca a presa, engolindo-a inteira. O tamanho da presa, é limitado pela circunferência da boca desse predador.  



Fotos: Tiago Gripp Mota.


Superordem:Acanthopterygii

Ordem: Perciformes

Família: Cichlidae

Nome científico: Astronotus ocellatus Pellegrin, 1904

Nome popular: Apaiari, Oscar, Cará-Amazonas.

 

Obs.:Originário da bacia Amazônica e do Oniroco, foi introduzido na bacia do rio Doce na década de 80, atualmente é encontrado em poucos lagos da região, não se sabe ao certo a influência dessa espécie, sobre as comunidades nativas de peixe. Tem hábito onívoro se alimentando de frutos, insetos, caramujos, além de ingerir pequenos peixes, quando adultos. O Apaiari adulto atinge cerca de 40cm.



 Foto: Tiago Gripp Mota.


 Superordem:Aconthopterygii

Ordem: Perciformes

Família: Cichlidae

Nome científico: Cichlasoma facetum (Jenyns, 1842)

Nome popular: Acará-Camaleão

 

Obs.: Essa espécie é nativa da bacia do rio Doce, sendo encontrada também em outras bacias do sudeste brasileiro, como na bacia do Paraná. São peixes de médio porte, atingindo 17 cm de comprimento. São encontrados em remansos de rio, com pouca profundidade e presença de macrófitas, que são usadas por esses peixes como refúgio e local de alimentação. Tem hábito alimentar onívoro, ingerindo algas, microcrustáceos, pequenos insetos, entre outros. 



 Foto retirada do sítio: www.fischhaus-zepkow.de/ art_c_facetum.html em 28/06/2004.


Superordem:Aconthopterygii

Ordem: Perciformes

Família: Cichlidae

Nome científico: Geophagus brasiliensis(Qouy & Gaimard, 1824).

Nome popular: Acará, Cará.

 

Obs.: Geophagusbrasiliensis é uma espécie de fundo amplamente distribuída no sudeste do Brasil, é encontrado nas bacias dos rios Doce, Paraíba do Sul e São Francisco. Possue hábito alimentar onívoro, com sua boca protrátil essa espécie tria seu alimento a partir do sedimento. É um peixe de médio porte, muito abundante em ambientes, onde não há presença de espécies exóticas. Presa preferencial de muitos piscívoros, como a Traíra.



 Foto: Tiago GrippMota.


Superordem:Aconthopterygii

Ordem: Perciformes

Família: Scianidae

Nome específico: Pachypops adspersus Steindachner, 1879

Nome popular: Corvina

 

Obs.: Peixe de grande porte, nativo da bacia do rio Doce, pode atingir 35cm. Essa espécie alimenta-se principalmente de insetos aquáticos e camarões, podendo ser observada marcante ontogenia trófica (Vieira, 1994). Na dieta dos indivíduos jovens é predominante a presença de insetos, enquanto os adultos se alimentam preferencialmente de camarões.



Fotos: Tiago Gripp Mota.


 Superordem:Acanthopterygii

Ordem: Siluriformes

Família: Aluchnipteridae

Nome específico: Parauchenipterus striatulus (Steindachner, 1876)

Nome popular: Cumbacaou Cangati

 

Obs.: Sua distribuição abrange todos os rios da América do Sul. A biologia reprodutiva da espécie é pouco conhecida. Seu comprimento médio é de 20 cm para adultos (fêmeas e machos). Os machos possuem um órgão copulador, resultado de uma diferenciação dos primeiros raios da nadadeira anal, que possibilita a fecundação interna. Se alimentam preferencialmente de camarões e artrópodes terrestres.




Foto: Tiago Gripp Mota.


Superordem:Ostariophysi

Ordem: Characiformes

Família: Characidae

Subfamília: Tetragonopterinae

Nome científico: Astyanax bimaculatus (Linnaeus, 1785)

Nome popular: Lambari-do-rabo-amarelo

Obs.:Essa espécie é encontrada em uma grande variedade de ambientes, como riachos, rios, lagos e brejos. Têm como hábito alimentar frutos, folhas, sementes, flores, que caem das árvores que compõem a mata ciliar, assim como formigas, ingeridas por indivíduos adultos. São peixes de pequeno porte, atingindo cerca de 12cm de comprimento.




Foto: Tiago GrippMota.


Superordem:Ostariophysi

Ordem: Characiformes

Família: Characidae

Subfamília: Tetragonopterinae

Nome científico: Astyanax taeniatus (Jenyns, 1842)

Nome Popular: Lambari, Piaba

 

Obs.:Encontrada em grande parte dos rios da América do Sul. Segundo Vieira (1994), é uma espécie de pequeno porte, atingindo 8 cm de comprimento quando adulto. Alimenta-se preferencialmente de microcrustáceos(ostracodas, cladóceros e copépodes), ingerindo também, insetos terrestres e algas filamentosas, possivelmente associadas ao principal item alimentar.




Superordem:Ostariophysi

Ordem: Characiformes

Família: Characidae

Subfamília: Acestrorhynchinae

Nome científico: Oligosarcus solitariusMenezes, 1987

Nome popular: Lambari-bocarra

 

Obs.:Peixe endêmico da bacia do Rio Doce, apresenta ontogenia tróficaalimentando-se de camarão preferencialmente quando jovens. Já os adultos apresentam como principal item alimentar, peixes. Espécie de porte médio podendo atingir 20cm. Em lagos com espécies piscívorasexóticas (tucunaré e piranha), foram totalmente extintos, devido a predação e a competição.


Foto: Tiago Gripp Mota.


Superordem:Ostariophysi

Ordem: Characiformes

Família: Serrasalmidae

Nome científico: Pygocentrus nattereri Kner,1858

Nome popular: Piranha

 

Obs.:Espécie originalmente distribuída nas bacias Amazônica, do Paraná e São Francisco, apresenta grande distribuição, pois foi introduzida em outras bacias brasileiras. No rio Doce seu primeiro registro de introdução, foi na lagoa Jacaré. De grande porte atinge quando adulto 50cm de comprimento. Alimenta-se principalmente de escamas de peixes, sendo encontrados, também, macroinvertebrados no conteúdo estomacal dessa espécie. Causam grande variação nas comunidades ictiológicas, devido acompetição com espécies nativas e predação das mesmas. Possuem cuidado parental, protegendo os rebentos durante um determinado período, no qual se tornam territorialistas.

 

 


Fotos: Tiago Gripp Mota.


Superordem:Ostariophysi

Ordem: Characiformes

Família: Prochilodontidae

Nome científico: Prochilodus vimboides Kner,1859

Nome popular: Curimatã, Curimbatá, Grumatã e Curimba

 

Obs.:  Peixe nativo da bacia do rio Doce, foi introduzido em diversos açudes do Nordeste brasileiro. Essa espécie pode alcançar 80 cm de comprimento. Tem hábito alimentar detritívoro(pequenos invertebrados e matéria orgânica em decomposição, existente no fundo de lagos e rios). Realizam migração reprodutiva (piracema), sendo acompanhados por espécies carnívoras (ex: Dourado), que a utilizam como alimento.


Foto retirada do sítio: www.icb.ufmg.br/ ~lictio/illustra.htm em 05/07/2004.


Superordem:Ostariophysi

Ordem: Characiformes

Família: Erythrinidae

Nome científico: Hoplias malabaricus(Bloch 1794)

Nome popular: Traíra

 

Obs.:Espécie amplamente distribuída pelo Brasil. São encontradas, principalmente, em águas paradas, lagos, lagoas e remansos de rio. Tem hábito alimentar carnívoro ingerindo peixes e invertebrados. Alcançam cerca de 50cm de comprimento. Possuem cuidado parental, fazendo com que o número de indivíduos não se altere tanto, na presença de espécies piscívorasintroduzidas (ex: Tucunaré e Piranha). Segundo Latini(2001), no lago Gambá, situado no Parque Estadual do rio Doce (PERD), é a única espécie nativa presente compondo com a Piranha e o Tucunaré a comunidade ictiofaunística desse ambiente.


Fotos: Tiago Gripp Mota.


Ordem: Cyprinodontiformes

Família: Poecilidae

Nome científico: Poecilia reticulata (Peters, 1859)

Nome popular: Barrigudinho

 

Obs.:Essa espécie é originária do Norte da América do Sul (Bacia Amazônica) , sendo encontrado também na América Central. É um peixe de pequeno porte, atingindo 5 cm (fêmeas) de comprimento quando adulto. São onívoros, se alimentando principalmente de insetos (larvas e adultos), microcrustáceos(Daphnia, Artemia) e algas. São peixes que apresentam um padrão de cor muito variado, sendo que os machos são mais coloridos que as fêmeas.


Foto retirada do sítio: www.epsitec.ch/.../aquariophilie/guppy.htm em 06/07/2004.


Superordem: Acanthopterygii

Ordem: Perciformes

Família: Ciclhidae 

Nome científico: Tilapia cf. rendalli

Nome popular: Tilápia

 

Obs.: Essa espécie é nativa da África e Ásia menor, sendo introduzida no Brasil no ano de 1952 (Gurgel,1998). São encontradas em ambientes lênticos, lagos, lagoas e remanso de rios. Atingem 25 cm de comprimento, quando adulto. Tem hábito alimentar herbívoro, ingerindo principalmente macrófitase frutos, folhas e flores, advindas da mata ciliar.


 Foto retirada do sítio: www.zoetecnocampo.com/.../ tilapia/tilapia.htm em 06/07/2004.


Superordem:Ostariophysi

Ordem: Characiformes

Família: Anostomidae

Nome científico: Leporinus steindachneriEigenmann, 1907

Nome popular: Piau

 

Obs.: Os peixes do gênero Leporinus, se alimentam de vegetais, além de ingerirem insetos terrestres e aquáticos. A espécie é originária da bacia do rio Doce. O piau pode atingir 30 cm quando adulto. 


Foto: Tiago Gripp Mota.


Nome científico: Hoplosternum litoralle (Hancock, 1828)

Nome popular: Tamboatá, Tamoatáou Peixe Pedra

 

Observação: Peixe introduzido proveniente das bacias localizadas ao norte da América do Sul. É muito utilizado como isca, para a captura de outros peixes, possivelmente sendo introduzido devido a essa prática. O Peixe Pedra, nome usado pelos habitantes do médio rio Doce, tem hábito onívoro, se alimentando de frutos, pequenos insetos, entre outros. Atinge 25 cm de comprimento, quando adulto. 


Fotos: Tiago Gripp Mota.


Superordem:Ostariophysi

Ordem: Characiformes

Família:

Nome específico: Hoplerythrinus unitaeniatus

Nome popular: (??)


Obs.: Espécie nativa da bacia do médio rio Doce, de grande porte.


Foto: Tiago Gripp Mota.


Superordem:Ostariophysi

Ordem: Characiformes

Família:Characidae

Nome específico: Cyphocarax gilbert

Nome popular: Sardinha, Saguiru

 

Obs.: Peixe de médio porte, nativo da bacia do rio Doce, também é encontrado nas bacias do São Francisco e Jequitinhonha. Alimenta-se, segundo Vieira (1994), de sedimento associado com algas não filamentosas, observando-se ainda, fragmentos de vegetais superiores em sua dieta. Essa espécie é coletada em lagoas, mas só se reproduz em rios, necessitando realizar migração reprodutiva, durante esse período.

Foto: Tiago Gripp Mota.




Nome científico: Hypostomussp.

Nome popular: Cascudo

 

Obs.: Espécie nativa do bacia do rio Doce, de grane porte. De hábito alimentar detritívoro, possui a boca orientadaventralmente. Está extinta em vários lagos do rio Doce.


 Foto: Tiago Gripp Mota.



Referências Bibliográficas: 

GODINHO, A.L. 1996. Peixes do Parque Estadual do Rio Doce. Belo Horizonte, Instituto Estadual de Floresta / Universidade Federal de Minas Gerais, 32 p.

 

LATINI, A.O. 2001. O efeito da introdução de peixes exóticos nas populações nativas de lagoas do Parque Estadual do Rio Doce, MG. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte. 62 p.

 

LATINI, A.O.; LIMA-JUNIOR, D.P.; GIACOMINI, H.C.; LATINI, R.O.; RESENDE, D.C.; ESPÍRITO-SANTO, H.M.V.; BARROS, D.F. & PEREIRA, T.L. 2004. Alien fishes in lakes of the Doce river basin (Brazil): range, new occurrences and conservation of native communities. Lundiana, 5(2): 135-142.

 

VIEIRA, F. 1994. Estrutura de comunidade e aspectos da alimentação e reprodução dos peixes em dois lagos do médio rio Doce, MG. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte. 76 p.

 

VONO, V. 1995. Estrutura da comunidade de peixes e de seus habitats na região litoranea de dois lagos no MedioRio Doce, MG. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte. 70 p.

 




Página criada em 17 de julho de 2005

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