LAGO DOM HELVÉCIO



O lago foi visitado em duas ocasiões uma delas no dia 27 de junho de 2007 e novamente no dia 12 de maio de 2008. Na primeira oportunidade, usamos a sonda para a realização de estudos de batimetria no lago e na segunda oportunidade a sonda foi usada para se estudar o comportamento de migração de chaoboridae na zona limnética do lago. Consideramos que as duas excursões foram um sucesso absoluto. Os dados gerados pela primeira excursão possibilitaram uma revisão dos dados de morfometria do ambiente. As estimativas previamente existentes para diversos parâmetros morfométricos primários e secundários se mostraram diferentes daquelas obtidas pelo presente estudo. A área do lago estimada foi de 5,27 km2, o volume de água acumuladoestimado chega a 59,4 x 106 m3, e a profundidade máxima do lago que era tida como sendo 32 mestros passou a ser de 39,2 m.



Um manuscrito, contendo todas essas estimativas já foi submetido:

BEZERRA-NETO, J.F. & PINTO-COELHO, R.M. (sub.) The deepest natural Lake in Brazil: bathymetry and estimation of morphometric features of lake D. Helvécio, Minas Gerais using advanced methodology for bathymetric mapping. Acta Limnologica Brasiliensia.



A seguir, uma figura cotendo uma versão reduzida da carta batimétrica do lago D. Helvécio.

Figura 1 - Carta batimétrica (reduzida) do lago D. Helvécio. Em vermelho, o ponto mais profundo do lago (Bezerra-Neto & Pinto-Coelho, sub.)



Uma outra questão foi investigada em nossa segunda excursão ao lago: a migração vertical dos dípteros meroplanctônicos Chaoborus. Os resultados (ver abaixo) demonstraram que as densidades desses oreganismos eram muito mais elevadas do que se supunha e que há um conspícuo padrão de migração vertical diruna desses organismos no lago D. Helvécio. A exitência desse padrão contrasta com a virtual ausência desse comportamento na lagoa da Carioca o que foi muito bem demonstrado na tese de doutoramento de Bezerra-Neto (2007).

Figura 2 - Migração vertical diruna de Chaoborus no lago D. Helvécio (coletas realizadas em 12 de maio de 2008). Amostras tomadas através de arrasto vertical com rede de plâncton (200 um) comprovam que as elevadas densidades do díptero na coluna de água. Situação encontrada durante o dia (à esquerda) e logo após o escurecer (à direita). Os ecogramas acima sugerem que as densidades do diptero sejam muito mais elevadas do que se supunha inicialmente e que esse predador invertebrado exerce um papel ecológico absolutamente decisivo não somente na estruturação da comunidade do zooplâncton mas em todo o metabolismo do lago. Ecograma tomado com a embarcação ancorada. Notar que os peixes ficam logo acima da mancha dos chaoboridae. O limite superior da distribuição dos dípteros coincide notavelmente com a barreira de anoxia na coluna de água.



Essa segunda excursão está dando origem a uma outra publicação: Pinto-Coelho, R.M. Bezerra-Neto, J.F. & Melo, N.A. in prep. Avaliação através da hidroacústica dos padrões de migração diurna de dipteros chaoboridae no lago D. Helvécio. Lundiana, UFMG.



Um dos aspectos mais interessantes observado em nossa primeira excursão com a sonda DT-X ao lago D. Hélvécio, em junho de 2007, foi a constatação da existência de grandes cardumes de peixes na zona limnética do lago (Fig. 3). Esses cardumes somente puderam ser vistos no lago D. Helvécio, até o momento. Apesar de ter um sinal acústico que revela uma grande formação provavelmente com um grande número de peixes, nós ainda não sabemos a qual(ais) espécie(s) pertencem tais indivíduos. Em recente publicação, Espírito-Santo et cols (2007) evidenciaram, através de registros de comportamentos através de uma câmera submersa (SCAN), a presença de cardumes de peixes no lago D. Helvécio. Eles observaram o comportamento de formação de cardumes nas piranhas, no lambari (Astyanax bimaculatus) que, no entanto, tem densidades muito baixas no lago D. Helvécio. Os pesquisadores constataram que as piranhas mantém um nível muito elevado de atividade e sugerem ser o encardumamento uma característica plausível para a espécie.



Figura 3 - Quatro ecogramas tomados no dia 27 de junho de 2007, no Lago D. Helvécio, Parque Estadual do Rio Doce, ilustrando a existência de grandes cardumes de peixes em profundidades intermediárias (3-10 m), na zona limnética do lago. Neste dia, havia uma forte estratificação do lago e abaixo dos 10 metros praticamente não havia oxigênio dissolvido. Em todos os ecogramas, a zona anóxica pode ser claramente vista uma vez que nessa região concentram-se enormes quantidades de dipteros chaoboridae, durante o dia. Esses organismos foram uma camada verde claro nos ecogramas.





Bibliografia

Espírito-Santo, H.M.V., D.C. Resende & A.O. Latini. 2007. Estratégias comportamentais de espécies nativas em lagos naturais mediante a presença de espécies exóticas, bacia do rio Doce, Minas Gerais.





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Última atualização em 16 de agosto de 2017
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